É evidente que, apesar
da clara diferenciação dos processos de instrução e educação, ambos estão
interligados. Não poderia existir um professor ou instrutor que,
simultaneamente ao trabalho de transmissão de conhecimentos, não estivesse
influenciado decisivamente a formação da personalidade, educando ou “deseducando”.
Educar seria fazer com
que o indivíduo chegue a pensar por si mesmo, fazer com que consiga identificar
e compreender sua verdade, mesmo que isto implique a correção ou rejeição das
próprias conclusões. A figura do educador, dentro do contexto de “educação
permanente”, não é tão clara estritamente delimitada. Quem educa está sendo
submetido, ao mesmo tempo, a um processo de educação (ou reeducação): e isto só
é possível quando a educação se define como um acompanhamento cordial, de
imenso respeito e delicadeza, para que o educando consiga sua libertação
pessoal, vivendo intensamente e avaliando eficientemente suas próprias
experiências. Daí a necessidade de ativar a inteligência do educando em função
e na direção específica da constatação, análise, avaliação e crítica, para que
não aceite tudo o que lhe é transmitido pelos outros ou percebido por ele mesmo
ao seu redor.
Assim será possível
formar indivíduos plenamente conscientes da sua atuação na realidade, das suas
limitações e dos seus deveres na convivência com outros seres humanos.
Isto seria, em síntese, o que entendemos
por “educação libertadora”.