SUBJETIVIDADE E
APRENDIZAGEM.
Enquanto era
desconhecido ou desconsiderado o fato de que cada sujeito percebe, representa e
vive a realidade das coisas e do mundo que o rodeia de maneira singular,
pessoal e única, os problemas de aprendizagem (problema do aluno) e de fracasso
escolar (problemas da escola) não eram nem podiam ser adequadamente
diagnosticado e tratado. Por isso, não se pode pensar em Psicopedagogia sem considerar
a subjetividade do aprendente, do ensinante e do próprio psicopedagogo. Afinal,
um mesmo fato pode provocar sentimentos diferentes em pessoas diferentes,
dependendo da experiência de vida de cada uma. Mas ainda, um mesmo fato pode
produzir sentimentos diferentes numa mesma pessoa, em diferentes momentos de
sua vida.
Beatriz Scoz (2001)
introduz a questão da objetividade e da subjetividade na formação de educadores
e psicopedagogos com muita perspicácia, afirmando que o trabalho com a
objetividade e subjetividade na formação dos psicopedagogos deve ser
compreendido dentro de um contexto amplo de transformações sociais e culturais,
que afetam não só o que temos de saber para enfrentar o mundo, mas também o que
temos de saber para compreender a nós mesmos e aos demais.
Sara Paín, em seu livro
Subjetividade e Objetividade, introduz a questão da subjetividade na educação
realçando a singularidade do aprendente. Segundo ela, a pedagogia, durante
muitos séculos, levou em conta apenas uma parte do ser humano: o sujeito
epistêmico – sujeito que se dedica somente ao conhecimento -, baseando-se
nas capacidades ou habilidades que esse indivíduo tem para conhecer. Essa
pedagogia não levava em conta que esse indivíduo tem, ao mesmo tempo, uma
história, um destino, algo que o diferencia dos outros indivíduos. Tem sua singularidade.
Quanto ao diagnóstico
psicopedagógico, encorajamos o profissional a desenvolver um olhar afetivo e
compreensivo da subjetividade do aprendente, que tem uma história de vida
peculiar e única. O psicopedagogo tem de apostar na possibilidade da cura e não
se fixar na patologia, rotulando a criança, mas respeitando sua individualidade
subjetiva. Precisamos de novos recursos, além dos cognitivos, para ajudar as
crianças a aprender. Estabelecer vínculos positivos e ajudar os alunos a
entender suas emoções e administrá-las pode ser o diferencial de excelência na
atuação do educador. Um bom vínculo afetivo é o contrário da dependência, pois
proporciona a segurança básica para o exercício da autonomia.
Sonia Parente, no
prefácio do livro Subjetividade e objetividade, de Sara Paín, adverte
categoricamente que
[...] o recado para nós, educadores e
profissionais da aprendizagem, é claro. É preciso ampliar a escuta. É preciso
dar lugar para aquilo que é diferente da norma.É preciso evitar uma educação
dominadora e uma psicopedagogia adaptativa, que depende da manutenção da
ignorância e que produz sujeitos passivos, submissos, que reproduzem a
oligotimia social ( diminuição da capacidade de adaptação biopsicossocial que
dificulta a aquisição de novas condutas por deficiências intrínsecas ou
extrínsecas).
O psicopedagogo deve
procurar desenvolver as habilidades de uma comunicação afetiva com o paciente.
Essa comunicação afetiva implica ouvir ativamente, ou seja, perceber não apenas
o que a criança ou jovem diz com palavras, mas o que Le diz sem palavras, com
seu silêncio ou com sua linguagem corporal. Além disso, essa comunicação
implica liberdade na expressão das emoções, ser capaz de expressar as necessidades
de forma não agressiva, e desenvolver a empatia e a capacidade para o
entusiasmo e a surpresa.
Autor: Fernando Monte
–Serrat Emoções afeto e amor.
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