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domingo, 13 de janeiro de 2013
UM ESPAÇO DE VIVÊNCIA E REFLEXÃO DO SABER PSICOPEDAGOGICO
PSICOPEDAGOGIA.
SALA DE RECURSOS. UM ESPAÇO DE VIVÊNCIA E REFLEXÃO DO SABER PSICOPEDAGÓGICO.
Todo ser humano constitui-se como
sujeito aprendente, tendo em vista os modelos relacionais estabelecidos no
decorrer de sua história, aprendendo um caráter único e dinâmico, formando a
partir das dimensões afetivas e cognitivas que lhe atravessaram ao longo de
suas experiências com o outro. Dessa maneira, pode-se pensar que o sujeito é
constituído por diferentes aspectos como: aprendizagens
anteriores, ou seja, conhecimentos já interiorizados, habilidades que possui,
hábitos adquiridos, motivações presentes, funcionamento cognitivo, curiosidade
pelo mundo que o cerca, experiências culturais e sociais em que o sujeito está
envolvido.
De acordo com Vigotsky (1991), o
ser humano se constitui na relação com o outro social, entendendo que a cultura
se torna parte da natureza humana num processo histórico que, ao longo do
desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento do homem.
Dessa maneira, compreende-se que
toda aprendizagem inicia em casa, em meio à família e de maneira informal, mas
extremamente marcante, para todo o processo de aquisição de conhecimento que se
seguirá para toda vida. Depois, a criança amplia seu círculo social, ao
ingressar na escola, e é nesse momento que se depara com diferentes modos de
ser e agir, bem como de aprender, o que leva, muitas vezes, o sujeito encontrar
barreiras em seu processo de construção do conhecimento.
A criança é um ser social que nasce com
capacidade efetivas, emocionais e cognitivas. Para se
desenvolver, precisa aprender com os outros, por meio dos vínculos que
estabelece, pois a aprendizagem se dá na troca com o outro, compartilhando suas
dúvidas, certezas, expressando suas ansiedades ou apenas comunicando suas
descobertas.
Portanto, conforme Porto (2006,
p.39)
A aprendizagem
é uma construção singular que o sujeito vai realizando segundo o seu saber,
transformando informação em conhecimento, deixando sua marca como autor. A
aprendizagem constitui-se em um processo, uma função, que vai além da
aprendizagem escolar e que não se circunscreve e exclusivamente à criança.
A ação da Psicopedagogia na Instituição
Escolar.
O que constitui a identidade da
Psicopedagogia é o estudo e a intervenção dos processos de aprendizagem e
define como objeto central da ação do psicopedagogo o resgate e a identificação
com o conhecimento, com o prazer e a possibilidade de aprender.
Dessa forma conforma Macedo (apud
SCOZ, 1991, p.12:
Uma nova área
não surge por acaso {...} representa o preenchimento de um vazio construído e
determinado e incessante é o mesmo que anima todas as outras {...} contribui
individual e coletivamente para uma vida{...} menos injusta, mais saudável.
Na tentativa de refletir sobre as
questões ligadas às aprendizagens é que foi surgindo o espaço para um trabalho
psicopedagógico na instituição escolar, espaço esse deixado pelos especialistas
em educação e pela psicologia escolar, preocupados apenas com os campos
restritos de atuação, deixando de lado questões mais amplas sobre a construção
de conhecimento na escola.
Assim, a ação da Psicopedagogia institucional busca a ressignificação
das relações de aprendizagem na escola e o resgate da identidade da instituição
com o conhecimento, tendo como foco a prevenção das dificuldades de
aprendizagem, resgatando o prazer de aprender.
Esses aspectos fazem pensar como
a escola está estruturada hoje e para quem ela serve, pois o contexto
educacional brasileiro traz marca do fracasso escolar, principalmente nas
classes sociais mais desfavorecidas.
Neste sentido, a Psicopedagogia
tem um compromisso social, uma vez que seu campo conceitual vem proporcionar
uma nova possibilidade para que a escola reverta esse fracasso, pois aponta uma
visão interdisciplinar que se constrói a partir do estudo dos atos de aprender
e de ensinar, pensados em conjunto, considerando a realidade interna de cada
sujeito quanto à realidade externa.
Para Bossa (2000), o trabalho
psicopedagógico institucional, na sua função preventiva, visa a detectar
possíveis perturbações no processo de aprendizagem, investigar questões
metodológicas, auxiliando o professor a perceber que nem sempre a sua maneira de ensinar é apropriada
à forma de o aluno aprender, além de
colaborar na elaboração do projeto pedagógico e orientar os professores no
acompanhamento do aluno com dificuldade de aprendizagem, contribuindo para que
a escola acompanhe o desenvolvimento da humanidade e se constitua num
verdadeiro espaço de construção de conhecimento.
Segundo Escort (2001), o
psicopedagogo institucional, através de uma fundamentação teórica consistente e
de uma elaboração criteriosa de um diagnóstico, poderá instrumentalizar os
educadores na criação de novos fazeres pedagógicos. Esse trabalho de construção
consiste na leitura e na releitura do processo de aprendizagem e do processo de
não aprendizagem, bem como aplicabilidade e os conceitos teóricos que lhe dêem
novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes e
contribuindo para que o professor resgate o seu desejo de aprender, em um jogo
de troca de quem ensina e de quem aprende, pois é o desejo que nos marca como
seres humanos.
Talvez esse novo olhar que a
Psicopedagogia lança sobre a instituição escolar, contribuindo para uma postura
mais investigativa em relação às questões do aprender e do não aprender,
permitirá ao educador redimensionar a sua prática, garantindo a aprendizagem e
minimizando o fracasso escolar.
Portanto, a presença do
psicopedagogo na instituição não é inócua, pois nela se produzam fantasias de
mais diversas. Alguns percebem a sua presença como um colaborador, para outros,
é apenas mais uma exigência da escola; outros o enxergam como uma figura que
vem julgar o trabalho docente, pois, para Butelman (1998) “esse saber oculto
que por momentos é adjudicado ao psicopedagogo pode promover, em algumas
pessoas, a fantasia de que este soluciona magicamente os problemas, sem que o
docente assuma a responsabilidade que tem frente a seu grupo”.
Para que isso não ocorra, é
necessário que haja um enquadramento de trabalho claro, objetivando as funções
do psicopedagogo, o que facilitará a sua inserção na instituição escolar,
percebendo os mandatos místicos que transitam entre ensinantes e aprendentes. Este
é um dos grandes desafios da Psicopedagogia, construir diferentes saberes, que
possam ser socializados, a partir da escuta e do olhar dos processos de ensino
e de aprendizagem.
Bibliografia.
Percursos Psicopedagógicos: entre
o saber e o fazer. Sandra Difini Kopzinski . Rio Grande do Sul. 2010.
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