quarta-feira, 14 de agosto de 2013

PSICOPEDAGOGIA.



PSICOPEDAGOGIA.

Por que uma Psicopedagogia Clínica? Por que uma Psicopedagogia Institucional? Por que uma Psicopedagogia Hospitalar? Por que dividir algo que precisa estar inteiro? A meu ver, a Psicopedagogia é uma só; acontece em diferentes espaços, com objetivos específicos, mas a forma de pensar sobre o aprendiz, de ver o processo de aprendizagem, de considerar o mundo e o conhecimento é a mesma. O objeto de estudo – a aprendizagem – é o mesmo e, por isso, não precisamos seguir modelos médicos e psicológicos e subdividir nossa área. Somos especialistas em aprendizagem, independente do espaço no qual essa aprendizagem se processa.
A Psicopedagogia já é uma consequência da interdisciplinaridade; se for subdividida, fabricará outras áreas e perderá seu caráter integrador. Precisamos cuidar, pois a Psicopedagogia foi construída como uma práxis interdisciplinar e, por isso, precisa continuar mantendo seu compromisso de desenvolver uma práxis articulada com o todo.
Um psicopedagogo deve se especializar em aprendizagem e compreendê-la como um processo que se dá no interior de cada um e é decorrente das interações e das relações desse sujeito com os grupos aos quais pertence, com as instituições das quais faz parte, com a comunidade e com a cultura local e globalizada.
Se quisermos compreender a aprendizagem no âmbito da instituição, olhamos para a instituição, para a forma como essa promove suas ações e como os sujeitos aprendem; porém, o foco continua sendo a aprendizagem. Dessa forma, não existe uma Psicopedagogia Institucional, e sim uma Psicopedagogia que está sendo desenvolvida dentro de uma instituição, num âmbito específico. Não há necessidade de segmentar a Psicopedagogia para termos tal compreensão. Com a mesma Psicopedagogia, podemos transitar do micro para o macro, e vice-versa, sem nos superespecializarmos somente em micro ou somente em macro.
Precisamos nos lembrar de nossa origem, para que viemos; a nossa identidade depende da inteireza de nossa área profissional. A segmentação faz brotar outras identidades, e nós, que estamos conseguindo formar um corpo de conhecimento e de ações que está sendo reconhecido em todo o mundo, não podemos fragilizar essa unidade e descaracterizar nossa ação. Portanto, lembrem-se: existe apenas uma Psicopedagogia e vários âmbitos de ação.

Laura Monte Serrat Barbosa.




segunda-feira, 5 de agosto de 2013

AUTISMO.



AUTISMO
O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há quase seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder.
Há dezoito anos, quando surgiu a primeira associação para o autismo no país, o autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas, entre elas poucos médicos, alguns profissionais da área de saúde e alguns pais que haviam sido surpreendidos com o diagnóstico de autismo para seus filhos.

 Atualmente, embora o autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a criança que tem autismo ter uma aparência totalmente normal.
Ultimamente não só vem aumentando o número de diagnósticos, como também estes vêm sendo concluídos em idades cada vez mais precoces, dando a entender que, por trás da beleza que uma criança com autismo pode ter e do fato de o autismo ser um problema de tantas faces, as suas questões fundamentais vêm sendo cada vez reconhecidas com mais facilidade por um número maior de pessoas. Provavelmente é por isto que o autismo passou mundialmente de um fenômeno aparentemente raro para um muito mais comum do que se pensava.

Causas do autismo.

Acredita-se que a origem do autismo esteja em anormalidade em alguma parte do cérebro e, provavelmente, de origem genética. Admite-se que possa ser causado por fatos ocorridos durante a gestação ou no momento do parto.

Aspecto de manifestações autística.

Um continuum que vai do grau leve ao severo. O autismo é um distúrbio do comportamento que consiste em uma tríade de dificuldades:
1-Dificuldade de comunicação, dificuldade em utilizar com sentido os aspectos da comunicação verbal e não verbal, gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação.
2-Dificuldade de socialização- este é o ponto crucial no autismo a dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gestos e emoções e a dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas. Muitas vezes aparenta ser muito afetiva, segue um padrão repetitivo e não contém nenhum tipo de troca pobre consciência da outra pessoa, dificuldade de se colocar no lugar do outro e de compreender os fatos a partir da perspectiva do outro.
3-Dificuldade no uso da imaginação - rigidez e inflexibilidade várias áreas do pensamento, linguagem e comportamento da criança. Comportamento obsessivos e ritualísticos, compreensão literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em processos criativos.Forma de brincar desprovida de criatividade, exploração peculiar de objetos e brinquedos. Pode passar horas a fio explorando a textura de um brinquedo. Em criança que tem a inteligência mais desenvolvida, pode-se perceber a fixação em determinados assuntos.As mudanças de rotina costumam perturbar bastante.



Ana Maria S. Ros de Melo.AUTISMO – Guia prático 4ª Edição –Ano 2005.


sábado, 3 de agosto de 2013

A ação da Psicopedagogia na Instituição Escolar.

A ação da Psicopedagogia na Instituição Escolar.
O que constitui a identidade da Psicopedagogia é o estudo e a intervenção dos processos de aprendizagem e define como objeto central da ação do psicopedagogo o resgate e a identificação com o conhecimento, com o prazer e a possibilidade de aprender.
Dessa forma, conforme Macedo (apud ESCOZ, 1991, p.12):
Uma nova área não surge por acaso {...} representa o preenchimento de um vazio construído e determinado pelas outras áreas {...} e que seu desejo sincero e humilde, mas determinado e incessante é o mesmo que anima todas as outras {...} contribuir individual e coletivamente para uma vida {...} menos injusta, mais saudável {...}
Na tentativa de refletir sobre as questões ligadas às aprendizagens é que foi surgindo o espaço para um trabalho Psicopedagógico na instituição, espaço esse deixado pelos especialistas em educação e pela psicologia escolar, preocupados apenas com os campos restritos de atuação, deixando de lado questões mais amplas sobre a construção de conhecimento na escola.
Assim, a ação da Psicopedagogia Institucional busca a ressignificação das relações de aprendizagem na escola e o resgate da identidade da instituição com o conhecimento, tendo como foco a prevenção das dificuldades de aprendizagem, resgatando o prazer de aprender.
Esses aspectos fazem pensar como a escola está estruturada hoje e para que ela serve, pois o contexto educacional brasileiro traz a marca do fracasso escolar, principalmente nas classes sociais mais desfavorecidas.
Nesse sentido, a Psicopedagogia tem um compromisso social, uma vez que seu campo conceitual vem proporcionar uma nova possibilidade para que a escola reverta esse fracasso, pois aponta uma visão interdisciplinar que se constrói a partir do estudo dos atos de aprender e de ensinar, pensando em conjunto, considerando a realidade interna de cada sujeito quanto à realidade externa.
Para Bossa (2000), o trabalho Psicopedagógico institucional, na sua função preventiva, visa a detectar perturbações no processo de aprendizagem, investigar questões metodológicas, auxiliando o professor a perceber que nem sempre a sua maneira de ensinar é apropriada à forma de o aluno aprender, além de colaborar na elaboração do projeto pedagógico e orientar os professores no acompanhamento do aluno com dificuldade de aprendizagem, contribuindo para que a escola acompanhe o desenvolvimento da humanidade e se constitua num verdadeiro espaço de construção de conhecimento.
Segundo Escortt (2001), o Psicopedagogo Institucional, através de uma fundamentação teórica consistente e de uma elaboração criteriosa de um diagnóstico, poderá instrumentalizar os educadores na criação de novos fazeres pedagógicos. Esse trabalho de construção consiste na leitura e na releitura do processo de aprendizagem e do processo da não aprendizagem, bem como aplicabilidade e os conceitos teóricos que lhe dêem novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes e contribuindo para que o professor resgate o seu desejo de aprender, em um jogo de troca de lugares de quem ensina e de quem aprende, pois é o desejo que nos marca como seres humanos.
Talvez esse novo olhar que a Psicopedagogia lança sobre a instituição escolar, contribuindo para uma postura mais investigativa em relação às questões do aprender e do não aprender, permitirá ao educador redimensionar a sua prática, garantindo a aprendizagem e minimizando o fracasso escolar. Corrobora com essa afirmação Mendes (1996), quando aponta que:
{...} essa leitura do que falta e o que fazer para possibilitar que o sofrimento da falta seja substituído pela busca do prazer em querer mudar, para encontrar outras opções de ação pedagógica, é o campo da Psicopedagogia dentro da instituição escolar e um dos aspectos que a distingue da Pedagogia.

Nessa busca, Scoz (1991) coloca o Psicopedagogo como um dinamizador do processo de ensino aprendizagem, uma vez que atua como:
{...} uma liderança competente capaz de atuar junto ao professor e de buscar, com ele, a sua revalorização {...} um mediador capaz de integrar e sintetizar as várias áreas do conhecimento junto à equipe escolar {...}. É de fundamental importância instrumentalizar o professor para lidar com essas questões, tornando acessíveis os instrumentos necessários para o trabalho com as dificuldades de aprendizagem. (SCOZ, 1991, p.3).

Portanto, a presença do psicopedagogo na instituição não é inócua, pois nela se produzem fantasias das mais diversas. Alguns percebem a sua presença como um colaborador, para outros, é apenas mais uma exigência da escola; outros o enxergam como uma figura que vel julgar o trabalho docente, pois, para Butelman (1998, p.144), “esse saber oculto que por momento é adjudicado ao psicopedagogo pode promover, em algumas pessoas, a fantasia de que este soluciona magicamente os problemas, sem que o docente assuma a responsabilidade que tem frente a seu grupo”.
Para que isso não ocorra, é necessário que haja um enquadramento de trabalho claro, objetivando as funções do psicopedagogo, o que facilitará a sua inserção na instituição escolar, percebendo os mandatos míticos que transitam entre ensinante e aprendentes, já que:
{...} a Psicopedagogia tem seu campo na instituição, à medida que consiga criar um espaço transicional para os ensinantes pensarem sobre a sua prática. Acredito que esse espaço irá lhes permitir mostrar o potencial escondido, excluindo o “expiar”, através de uma prática automatizada e sem sentido, para resgatar o seu potencial, resignificando a sua identidade como aquele que ocupa o lugar de ensinar, dinamizando a aprendizagem de quem aprende e que também lhe possibilita a aprender. (MENDES, 1996, p. 75).
Este é um dos grandes desafios da Psicopedagogia, construir diferentes saberes, que possam ser socializados, a partir da escuta e do olhar dos processos de ensino e de aprendizagem (MENDES, 1996), resgatando, assim, uma ação institucional politicamente comprometida e consciente.
A proposta da Psicopedagogia Institucional passa prioritariamente por reflexões sobre as necessidades sociais de determinada instituição, centrando o olhar sobre a aprendizagem. Dessa maneira, Barbosa (2001, p.21) afirma que:
A Psicopedagogia na e para a escola, na verdade, é uma das contribuições para que os novos paradigmas da ciência possam se instalar no interior desta instituição, possibilitando uma visão e uma ação interdisciplinar, holística, sistêmica que permitam que o ser humano seja visto como inteiro, como alguém que pensa, sente, faz e compartilha, e que possibilite que a aprendizagem não fique restrita a um ato de simples acumulação de informação já pensadas e concluídas em tempos passados.
Sendo assim, a Psicopedagogia institucional auxilia na busca da qualidade do processo de ensino e aprendizagem a partir de um olhar investigativo e de escuta psicopedagógica, privilegiando o cruzamento de todos os fatores, buscando identificar as fraturas e incoerências de todo o processo e da dinâmica institucional.
KOPZINSKI, Sandra Difini Percurso Psicopedagógico: entre o saber e o fazer.Novo Hamburgo – Rio Grande do Sul – Brasil  2010 p.27 a 29.