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domingo, 18 de agosto de 2013
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
PSICOPEDAGOGIA.
PSICOPEDAGOGIA.
Por que uma
Psicopedagogia Clínica? Por que uma Psicopedagogia Institucional? Por que uma
Psicopedagogia Hospitalar? Por que dividir algo que precisa estar inteiro? A
meu ver, a Psicopedagogia é uma só; acontece em diferentes espaços, com objetivos
específicos, mas a forma de pensar sobre o aprendiz, de ver o processo de
aprendizagem, de considerar o mundo e o conhecimento é a mesma. O objeto de
estudo – a aprendizagem – é o mesmo e, por isso, não precisamos seguir modelos
médicos e psicológicos e subdividir nossa área. Somos especialistas em
aprendizagem, independente do espaço no qual essa aprendizagem se processa.
A Psicopedagogia já é
uma consequência da interdisciplinaridade; se for subdividida, fabricará outras
áreas e perderá seu caráter integrador. Precisamos cuidar, pois a Psicopedagogia
foi construída como uma práxis interdisciplinar e, por isso, precisa continuar
mantendo seu compromisso de desenvolver uma práxis articulada com o todo.
Um psicopedagogo deve
se especializar em aprendizagem e compreendê-la como um processo que se dá no
interior de cada um e é decorrente das interações e das relações desse sujeito com
os grupos aos quais pertence, com as instituições das quais faz parte, com a comunidade
e com a cultura local e globalizada.
Se quisermos
compreender a aprendizagem no âmbito da instituição, olhamos para a instituição,
para a forma como essa promove suas ações e como os sujeitos aprendem; porém, o
foco continua sendo a aprendizagem. Dessa forma, não existe uma Psicopedagogia Institucional,
e sim uma Psicopedagogia que está sendo desenvolvida dentro de uma instituição,
num âmbito específico. Não há necessidade de segmentar a Psicopedagogia para
termos tal compreensão. Com a mesma Psicopedagogia, podemos transitar do micro
para o macro, e vice-versa, sem nos superespecializarmos somente em micro ou
somente em macro.
Precisamos nos lembrar
de nossa origem, para que viemos; a nossa identidade depende da inteireza de
nossa área profissional. A segmentação faz brotar outras identidades, e nós,
que estamos conseguindo formar um corpo de conhecimento e de ações que está
sendo reconhecido em todo o mundo, não podemos fragilizar essa unidade e
descaracterizar nossa ação. Portanto, lembrem-se: existe apenas uma
Psicopedagogia e vários âmbitos de ação.
Laura Monte Serrat Barbosa.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
AUTISMO.
AUTISMO
O autismo é
um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há
quase seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito
da ciência, divergências e grandes questões por responder.
Há
dezoito anos, quando surgiu a primeira associação para o autismo no país, o
autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas, entre elas poucos
médicos, alguns profissionais da área de saúde e alguns pais que haviam sido
surpreendidos com o diagnóstico de autismo para seus filhos.
Atualmente, embora o autismo seja bem mais
conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso, ele ainda
surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato
de, na maioria das vezes, a criança que tem autismo ter uma aparência
totalmente normal.
Ultimamente
não só vem aumentando o número de diagnósticos, como também estes vêm sendo
concluídos em idades cada vez mais precoces, dando a entender que, por trás da
beleza que uma criança com autismo pode ter e do fato de o autismo ser um
problema de tantas faces, as suas questões fundamentais vêm sendo cada vez
reconhecidas com mais facilidade por um número maior de pessoas. Provavelmente
é por isto que o autismo passou mundialmente de um fenômeno aparentemente raro
para um muito mais comum do que se pensava.
Causas do autismo.
Acredita-se
que a origem do autismo esteja em anormalidade em alguma parte do cérebro e,
provavelmente, de origem genética. Admite-se que possa ser causado por fatos
ocorridos durante a gestação ou no momento do parto.
Aspecto de manifestações autística.
Um
continuum que vai do grau leve ao severo. O autismo é um distúrbio do
comportamento que consiste em uma tríade de dificuldades:
1-Dificuldade de comunicação,
dificuldade em utilizar com sentido os aspectos da comunicação verbal e não
verbal, gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação.
2-Dificuldade de socialização- este
é o ponto crucial no autismo a dificuldade em relacionar-se com os outros, a
incapacidade de compartilhar sentimentos, gestos e emoções e a dificuldade na
discriminação entre diferentes pessoas. Muitas vezes aparenta ser muito
afetiva, segue um padrão repetitivo e não contém nenhum tipo de troca pobre consciência
da outra pessoa, dificuldade de se colocar no lugar do outro e de compreender
os fatos a partir da perspectiva do outro.
3-Dificuldade no uso da imaginação -
rigidez e inflexibilidade várias áreas do pensamento, linguagem e
comportamento da criança. Comportamento obsessivos e ritualísticos, compreensão
literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em
processos criativos.Forma de brincar desprovida de criatividade, exploração
peculiar de objetos e brinquedos. Pode passar horas a fio explorando a textura
de um brinquedo. Em criança que tem a inteligência mais desenvolvida, pode-se
perceber a fixação em determinados assuntos.As mudanças de rotina costumam perturbar
bastante.
Ana Maria S. Ros de
Melo.AUTISMO – Guia prático 4ª Edição –Ano 2005.
sábado, 3 de agosto de 2013
A ação da Psicopedagogia na Instituição Escolar.
A
ação da Psicopedagogia na Instituição Escolar.
O
que constitui a identidade da Psicopedagogia é o estudo e a intervenção dos
processos de aprendizagem e define como objeto central da ação do psicopedagogo
o resgate e a identificação com o conhecimento, com o prazer e a possibilidade
de aprender.
Dessa
forma, conforme Macedo (apud ESCOZ, 1991, p.12):
Uma
nova área não surge por acaso {...} representa o preenchimento de um vazio
construído e determinado pelas outras áreas {...} e que seu desejo sincero e humilde,
mas determinado e incessante é o mesmo que anima todas as outras {...}
contribuir individual e coletivamente para uma vida {...} menos injusta, mais
saudável {...}
Na
tentativa de refletir sobre as questões ligadas às aprendizagens é que foi
surgindo o espaço para um trabalho Psicopedagógico na instituição, espaço esse
deixado pelos especialistas em educação e pela psicologia escolar, preocupados
apenas com os campos restritos de atuação, deixando de lado questões mais
amplas sobre a construção de conhecimento na escola.
Assim,
a ação da Psicopedagogia Institucional busca a ressignificação das relações de
aprendizagem na escola e o resgate da identidade da instituição com o
conhecimento, tendo como foco a prevenção das dificuldades de aprendizagem, resgatando
o prazer de aprender.
Esses
aspectos fazem pensar como a escola está estruturada hoje e para que ela serve,
pois o contexto educacional brasileiro traz a marca do fracasso escolar,
principalmente nas classes sociais mais desfavorecidas.
Nesse
sentido, a Psicopedagogia tem um compromisso social, uma vez que seu campo
conceitual vem proporcionar uma nova possibilidade para que a escola reverta
esse fracasso, pois aponta uma visão interdisciplinar que se constrói a partir
do estudo dos atos de aprender e de ensinar, pensando em conjunto, considerando
a realidade interna de cada sujeito quanto à realidade externa.
Para
Bossa (2000), o trabalho Psicopedagógico institucional, na sua função
preventiva, visa a detectar perturbações no processo de aprendizagem,
investigar questões metodológicas, auxiliando o professor a perceber que nem
sempre a sua maneira de ensinar é apropriada à forma de o aluno aprender, além
de colaborar na elaboração do projeto pedagógico e orientar os professores no
acompanhamento do aluno com dificuldade de aprendizagem, contribuindo para que
a escola acompanhe o desenvolvimento da humanidade e se constitua num
verdadeiro espaço de construção de conhecimento.
Segundo
Escortt (2001), o Psicopedagogo Institucional, através de uma fundamentação
teórica consistente e de uma elaboração criteriosa de um diagnóstico, poderá
instrumentalizar os educadores na criação de novos fazeres pedagógicos. Esse
trabalho de construção consiste na leitura e na releitura do processo de
aprendizagem e do processo da não aprendizagem, bem como aplicabilidade e os
conceitos teóricos que lhe dêem novos contornos e significados, gerando
práticas mais consistentes e contribuindo para que o professor resgate o seu
desejo de aprender, em um jogo de troca de lugares de quem ensina e de quem
aprende, pois é o desejo que nos marca como seres humanos.
Talvez
esse novo olhar que a Psicopedagogia lança sobre a instituição escolar,
contribuindo para uma postura mais investigativa em relação às questões do
aprender e do não aprender, permitirá ao educador redimensionar a sua prática,
garantindo a aprendizagem e minimizando o fracasso escolar. Corrobora com essa
afirmação Mendes (1996), quando aponta que:
{...}
essa leitura do que falta e o que fazer para possibilitar que o sofrimento da
falta seja substituído pela busca do prazer em querer mudar, para encontrar
outras opções de ação pedagógica, é o campo da Psicopedagogia dentro da
instituição escolar e um dos aspectos que a distingue da Pedagogia.
Nessa
busca, Scoz (1991) coloca o Psicopedagogo como um dinamizador do processo de
ensino aprendizagem, uma vez que atua como:
{...}
uma liderança competente capaz de atuar junto ao professor e de buscar, com
ele, a sua revalorização {...} um mediador capaz de integrar e sintetizar as
várias áreas do conhecimento junto à equipe escolar {...}. É de fundamental
importância instrumentalizar o professor para lidar com essas questões,
tornando acessíveis os instrumentos necessários para o trabalho com as
dificuldades de aprendizagem. (SCOZ, 1991, p.3).
Portanto,
a presença do psicopedagogo na instituição não é inócua, pois nela se produzem
fantasias das mais diversas. Alguns percebem a sua presença como um
colaborador, para outros, é apenas mais uma exigência da escola; outros o
enxergam como uma figura que vel julgar o trabalho docente, pois, para Butelman
(1998, p.144), “esse saber oculto que por momento é adjudicado ao psicopedagogo
pode promover, em algumas pessoas, a fantasia de que este soluciona magicamente
os problemas, sem que o docente assuma a responsabilidade que tem frente a seu
grupo”.
Para
que isso não ocorra, é necessário que haja um enquadramento de trabalho claro,
objetivando as funções do psicopedagogo, o que facilitará a sua inserção na
instituição escolar, percebendo os mandatos míticos que transitam entre
ensinante e aprendentes, já que:
{...}
a Psicopedagogia tem seu campo na instituição, à medida que consiga criar um
espaço transicional para os ensinantes pensarem sobre a sua prática. Acredito
que esse espaço irá lhes permitir mostrar o potencial escondido, excluindo o
“expiar”, através de uma prática automatizada e sem sentido, para resgatar o
seu potencial, resignificando a sua identidade como aquele que ocupa o lugar de
ensinar, dinamizando a aprendizagem de quem aprende e que também lhe
possibilita a aprender. (MENDES, 1996, p. 75).
Este
é um dos grandes desafios da Psicopedagogia, construir diferentes saberes, que
possam ser socializados, a partir da escuta e do olhar dos processos de ensino
e de aprendizagem (MENDES, 1996), resgatando, assim, uma ação institucional
politicamente comprometida e consciente.
A
proposta da Psicopedagogia Institucional passa prioritariamente por reflexões
sobre as necessidades sociais de determinada instituição, centrando o olhar
sobre a aprendizagem. Dessa maneira, Barbosa (2001, p.21) afirma que:
A
Psicopedagogia na e para a escola, na verdade, é uma das contribuições para que
os novos paradigmas da ciência possam se instalar no interior desta
instituição, possibilitando uma visão e uma ação interdisciplinar, holística,
sistêmica que permitam que o ser humano seja visto como inteiro, como alguém
que pensa, sente, faz e compartilha, e que possibilite que a aprendizagem não
fique restrita a um ato de simples acumulação de informação já pensadas e
concluídas em tempos passados.
Sendo
assim, a Psicopedagogia institucional auxilia na busca da qualidade do processo
de ensino e aprendizagem a partir de um olhar investigativo e de escuta
psicopedagógica, privilegiando o cruzamento de todos os fatores, buscando
identificar as fraturas e incoerências de todo o processo e da dinâmica
institucional.
KOPZINSKI,
Sandra Difini Percurso Psicopedagógico: entre o saber e o fazer.Novo Hamburgo –
Rio Grande do Sul – Brasil 2010 p.27 a
29.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
O QUE SÃO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM?
O
QUE SÃO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM?
Embora as dificuldades
de aprendizagem tenham-se tornado o foco de pesquisa mais intensa nos últimos
anos, elas ainda são pouco entendidas pelo público em geral. As informações
sobre dificuldades de aprendizagem têm tido uma penetração tão lenta que os
enganos são abundantes até mesmo entre professores e outros profissionais da
educação. Não é difícil entender a confusão. Para começo de conversa, o termo dificuldade de aprendizagem refere-se
não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho
acadêmico. Raramente, elas podem ser atribuídas a uma única causa: muitos
aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral, e os problemas
psicológicos dessas crianças freqüentemente são complicados, até certo ponto,
por seu ambiente doméstico e escolar. As dificuldades de aprendizagem podem ser
divididas em tipos gerais, mas uma vez que, com freqüência, ocorrem em
combinações – e também variam imensamente em gravidade -, pode ser muito
difícil perceber o que os estudantes agrupados sob esse rótulo têm em comum.
Na realidade, as dificuldades de aprendizagem
são normalmente tão sutis que essas crianças não parecem ter problema algum.
Muitas crianças com dificuldade de aprendizagem têm inteligência na faixa de
média a superior, e o que em geral é mais óbvio nelas é que são capazes (mesmo
que excepcionalmente) em algumas áreas. Como uma criança pode saber tudo o que
é possível saber sobre dinossauros aos quatro anos, mais ainda ser incapaz de
aprender o alfabeto? Como um aluno que lê três anos à frente do nível de sua
série entrega um trabalho por escrito completamente incompreensível? Como uma
criança pode ler um parágrafo em voz alta impecavelmente e não recordar seu cinco
minutos depois? Não nos admira que os estudantes sejam desatentos,
não-cooperativos ou desmotivados.
Tal discrepância entre
o que parece que a criança deveria ser capaz de fazer e o que ela realmente
faz, contudo, é marca desse tipo de deficiência. O que as crianças com
dificuldades de aprendizagem têm em comum é o baixo desempenho inesperado. Na maior parte do tempo, elas
funcionam de um modo consistente com o que seria esperado de sua capacidade
intelectual e de sua bagagem familiar e educacional, mas dê-lhes certos tipos
de tarefas e seus cérebros parecem “congelar”. Como resultado, seu desempenho
na escola é inconsistente: emparelhadas ou mesmo a frente de suas classes em
algumas áreas, mas atrás em outras. Embora os prejuízos neurológicos possam afetar
qualquer área do funcionamento cerebral, as deficiências que mais tendem a
causar problemas acadêmicos são aquelas que afetam a percepção visual, o processamento da linguagem, a habilidades motoras
finas e a capacidade para focalizar a atenção. Até mesmo deficiências
menores nessas áreas (que podem passar completamente despercebidas em casa)
podem ter um impacto devastador tão logo a criança entre na escola.
Muitas
crianças com dificuldades de aprendizagem também lutam com comportamentos que complicam suas dificuldades na escola. A
mais saliente dessas é a hiperatividade, uma inquietação extrema que afeta 15 a
20% das crianças com dificuldades de aprendizagem. Alguns outros comportamentos
problemáticos em geral observados em pessoas jovens com dificuldades de
aprendizagem são os seguintes:
Fraco alcance da atenção:
A criança distrai-se com facilidade, perde rapidamente o interesse por novas
atividades, pode saltar de uma atividade para outra e, freqüentemente, deixa
projetos ou trabalhos inacabados.
Dificuldade para seguir instruções:
A criança pode pedir ajuda repetidamente, mesmo durante tarefas simples ( “Onde
é mesmo que eu devia colocar isto?” “Como é mesmo que se faz isto?”). Os
enganos são cometidos, porque as instruções não são completamente entendidas.
Imaturidade social:
A criança age como se fosse mais jovem que sua idade cronológica e pode
preferir brincar com crianças menores.
Dificuldade com a conversação: A
criança tem dificuldade em encontrar as palavras certas, ou perambula sem
cessar tentando encontrá-las.
Inflexibilidade:
A criança teima em continuar fazendo as coisas à sua própria maneira, mesmo
quando esta não funciona; ela resiste a sugestões e a oferta de ajuda.
Fraco planejamento e habilidades
organizacionais: A criança não parece ter qualquer
sensação de tempo e, com freqüência, chega atrasada ou despreparada. Se várias
tarefas são dadas (ou uma tarefa completa com várias partes), ela não tem
qualquer idéia por onde começar, ou de como dividir o trabalho em segmentos
manejáveis.
Distração:
A criança freqüentemente perde a lição, as roupas e outros objetos seus;
esquece-se de fazer as tarefas e trabalhos e/ou tem dificuldade em lembrar
compromissos ou ocasiões sociais.
Falta de destreza:
A criança parece desajeitada e sem coordenação; em geral, deixa cair as coisas
ou as derrama, ou apalpa e derruba os objetos; pode ter uma caligrafia péssima;
é vista como completamente inepta em esportes e jogos.
Falta de controle dos impulsos: A
criança toca tudo (ou todos) que prende seu interesse, verbaliza suas
observações sem pensar, interrompe ou muda abruptamente de assunto em conversas
e /ou tem dificuldade para esperar ou reservar-se com outras.
Esses
comportamentos surgem a partir das mesmas condições neurológicas que causam
problemas de aprendizagem. Infelizmente, quando eles não são compreendidos como
tais, só ajudam a convencer os pais e
professores de que a criança não está fazendo um esforço para cooperar ou não
está prestando a devida atenção. Até mesmo os estudantes vêem comportamentos
como esses como defeitos de personalidade. “Eu fiquei muito contente quando
descobri que tinha uma dificuldade de aprendizagem”, lembra uma adolescente. “Até
então eu achava que era apenas uma cabeça de vento imbecil”.
Embora
muitas crianças com dificuldades de aprendizagem sintam-se felizes e bem
ajustadas, algumas (até metade delas, de acordo com estudos atuais) desenvolvem
problemas emocionais relacionados. Esses estudantes tornam-se tão frustrados
tentando fazer coisas que não conseguem que desistem de aprender e começam a
desenvolver estratégias para evitar isso. Eles questionam sua própria
inteligência e começam a achar que não podem ser ajudados. Muitos se sentem
furiosos e põem para fora, fisicamente, tal sensação; outros se tornam ansiosos
e deprimidos. De qualquer modo, essas crianças tendem a isolar-se socialmente
e, com freqüência, sofrem de solidão, bem como de baixa auto- estima.
Eventualmente, os problemas secundários associados a uma dificuldade de
aprendizagem podem tornar-se bem mais óbvios – e mais sérios – que a própria deficiência.
Estudos mostram que adolescentes com dificuldades de aprendizagem não apenas
estão mais propensos a abandonar os estudos, mas também apresentam maior risco
para abuso de substancias, atividade criminosa e até mesmo suicídio.
O ambiente doméstico.
O
ambiente doméstico exerce um importante papel para determinar se qualquer
criança aprende bem ou mal. Um imenso conjunto de pesquisa tem demonstrado que
um ambiente estimulante e encorajador em casa produz estudantes adaptáveis e
muito dispostos a aprender, mesmo entre crianças cuja saúde ou inteligência foi
comprometida de alguma maneira. Um estudo a longo prazo de órgãos mentalmente
retardos , por exemplo, descobriu que o Q.I de crianças adotadas por famílias
de inteligência normal subia mensuravelmente, enquanto a inteligência daquelas
que permaneciam nas instituições, na verdade, declinava com o passar dos anos.
Embora o grupo institucionalizado permanecesse com uma educação insatisfatória
e com subempregos, a maior parte das crianças adotadas terminava o ensino médio
(e um terço delas avançava até a universidade).Estudos com animais tem demonstrados
que um ambiente enriquecido não apenas tem impacto sobre aprendizagem, mas
também estimula o crescimento e o desenvolvimento cerebrais. Os neuropsicólogos
estão começando a acumular evidências fisiológicas de que o cérebro humano
também responde ao “exercício mental”.
Além
disso, as crianças que recebem um incentivo carinhoso durante toda a vida
tendem a ter atitudes positivas, tanto sobre a aprendizagem quanto sobre si
mesmas. Seu espírito de “Eu posso fazer isso” as ajuda a enfrentamentos
desafios e superarem os obstáculos. Essas crianças buscam ou encontram modos de
contornar as deficiências, mesmo quando são bastante graves. “È fácil
reconhecer as crianças que realmente têm famílias envolvidas e incentivadoras”,
diz uma professora de educação especial. “Embora tenham dificuldades de
aprendizagem, elas vêem a si mesmas como basicamente competentes e bem-
sucedidas”.
Ao
contrário, as crianças que foram privadas de um ambiente estimulante nos
primeiros anos enfrentam muitos obstáculos desanimadores, mesmo quando não
apresentam tais deficiências. Esses jovens, em geral, adquirem mais lentamente
as habilidades cognitivas básicas. Eles têm fracas habilidades sociais e tendem
a comunicar-se mal. Não usam suas capacidades intelectuais em seu benefício e
podem mostrar pouca curiosidade ou interesse por aprender, não possuem
autoconfiança. Deficiências como essas colocam as crianças em risco educacional
durante todos os anos de escola. Os estudos têm demonstrado reiteradas vezes
que os alunos emocional e academicamente “prontos”, ao começarem o jardim de
infância, permanecem próximos ao topo em suas classes até o término da escolarização,
enquanto as crianças que entram na escola com atrasos sociais e cognitivos
significativos raramente conseguem igualar-se às outras, mesmo com auxílio
especial.
Não
nos surpreende que as crianças em desvantagem social e educacional também
considerem mais difíceis juntar recursos necessários para superarem
deficiências neurocognitivas. Os alunos com dificuldades de aprendizagem
normalmente usam as áreas em que são mais fortes para compensarem áreas de
fraqueza, mas, aqueles que não tiveram níveis adequados de estímulos e apoio em
casa tem bem menos áreas de recursos às quais recorrer. Além disso, esses
estudantes são menos persistentes que outras crianças, quando encontram
problemas. Os professores observam que eles antecipam o fracasso, parecendo “desistir
antes começar”.
Existem
muitos aspectos do ambiente doméstico
que podem prejudicar a capacidade de uma criança para aprender.As
crianças que não obtêm nutrição alimentar ou sono suficientes obviamente
sofrerão em sua capacidade para concentrar-se e absorver informações. O mesmo
ocorre com crianças que estão freqüentemente
enfermas devido à fraca higiene ou a cuidados médicos abaixo do
aceitável. As crianças criadas por pais ou responsáveis que falam mal o idioma
e aquelas que vêem muita televisão tendem a ter atraso no desenvolvimento da
língua; isso afeta sua capacidade para expressar-se e compreender seus
professores e também as coloca em situação de risco para professores de leitura
e de escrita. Os alunos cujas famílias não conseguem oferecer-lhes os materiais
escolares, um horário previsível para a realização das tarefas em casa e um
local relativamente tranqüilo para o estudo precisam estar excepcionalmente
motivados para aprender; o mesmo ocorre com crianças que vivem com pouco
encorajamento e baixas expectativas. Qualquer um desses fatores pode produzir
de modo significativo as chances de uma criança superar certa dificuldade de
aprendizagem
O
estresse emocional também compromete a capacidade das crianças para aprender.A ansiedade em relação a dinheiro ou
mudança de residência, a discórdia familiar ou doença pode não apenas ser
prejudicial em si mesma, mas com o tempo pode corroer a disposição de uma
criança para confiar, assumir riscos e ser receptiva a novas situações que são
importantes para o sucesso na escola.
O Ambiente na Escola.
A
fim de obterem progresso intelectual, as crianças devem não apenas estarem
prontas e serem capazes de aprender, mas também devem ter oportunidades
apropriadas de aprendizagem. Se o sistema educacional não oferece isso, os
alunos talvez nunca possam desenvolver sua faixa plena de capacidade,
tornando-se efetivamente “deficientes”, embora não haja nada de fisicamente
errado com eles. Infelizmente, muitos alunos devem dar o melhor de si sob
condições menos que ótimas nas escolas de nosso país.
É
lógico que salas de aulas abarrotadas, professores sobrecarregados ou pouco
treinados e suprimentos inadequados de bons matérias didáticos comprometem a
capacidade dos alunos para aprender, Porém, muitas práticas amplamente aceitas
não oferecem variações normais no estilo de aprendizagem. Um aluno cuja
orientação é principalmente visual e exploratória, por exemplo, precisa ver e
tocar as coisas a fim de entendê-las. Esse estudante não se sairá bem com os
professores que “palestram” o tempo todo, não importando o quanto possam ser
inteligentes e interessados por suas matérias. Da mesma forma, uma criança cuja
abordagem à aprendizagem é basicamente reflexiva – isto é, que precisa de tempo
para considerar todos os aspectos de um problema, antes de tentar uma solução –
irá sair-se muito mal em sala de aula onde os alunos são levados apressadamente
de uma tarefa para outra de acordo com os ditames de um currículo rígido.
Para
as crianças com dificuldades de aprendizagem, a rigidez na sala de aula é
fatal. Para progredirem, tais estudantes devem ser encorajados a trabalhar ao
seu próprio modo. Se forem colocados com um professor inflexível sobre tarefas
e testes, ou que usa materiais e método inapropriados às suas necessidades, eles
serão reprovados. Se forem regularmente envergonhados ou penalizados por seus
fracassos (“já que você não terminou seu trabalho, terá que permanecer na sala
durante o intervalo novamente; você deve realmente esforçar-se mais”), os
estudantes provavelmente não permanecerão motivados por muito tempo.
Infelizmente, a perda do interesse pela educação e a falta de autoconfiança
podem continuar afligindo essas crianças mesmo quando mudam para arranjos mais
favoráveis. Dessa forma, o ambiente escolar inapropriado pode levar
deficiências a tornarem-se grandes problemas.
DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM DE A Z CORINNE SMITH LISA
STRICK EDITORA ARTMED. P. 15 edição 1º 2001.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
SUBJETIVIDADE E APRENDIZAGEM.
SUBJETIVIDADE
E APRENDIZAGEM.
Enquanto era
desconhecido ou desconsiderado o fato de que cada sujeito percebe, representa e
vive a realidade das coisas e do mundo que o rodeia de maneira singular,
pessoal e única, os problemas de aprendizagem (problema do aluno) e de fracasso
escolar (problemas da escola) não eram nem podiam ser adequadamente
diagnosticado e tratado. Por isso, não se pode pensar em Psicopedagogia sem considerar
a subjetividade do aprendente, do ensinante e do próprio psicopedagogo. Afinal,
um mesmo fato pode provocar sentimentos diferentes em pessoas diferentes,
dependendo da experiência de vida de cada uma. Mas ainda, um mesmo fato pode
produzir sentimentos diferentes numa mesma pessoa, em diferentes momentos de
sua vida.
Beatriz Scoz (2001)
introduz a questão da objetividade e da subjetividade na formação de educadores
e psicopedagogos com muita perspicácia, afirmando que o trabalho com a
objetividade e subjetividade na formação dos psicopedagogos deve ser
compreendido dentro de um contexto amplo de transformações sociais e culturais,
que afetam não só o que temos de saber para enfrentar o mundo, mas também o que
temos de saber para compreender a nós mesmos e aos demais.
Sara Paín, em seu livro
Subjetividade e Objetividade, introduz a questão da subjetividade na educação
realçando a singularidade do aprendente. Segundo ela, a pedagogia, durante
muitos séculos, levou em conta apenas uma parte do ser humano: o sujeito
epistêmico – sujeito que se dedica somente ao conhecimento -, baseando-se
nas capacidades ou habilidades que esse indivíduo tem para conhecer. Essa
pedagogia não levava em conta que esse indivíduo tem, ao mesmo tempo, uma
história, um destino, algo que o diferencia dos outros indivíduos. Tem sua singularidade.
Quanto ao diagnóstico
psicopedagógico, encorajamos o profissional a desenvolver um olhar afetivo e
compreensivo da subjetividade do aprendente, que tem uma história de vida
peculiar e única. O psicopedagogo tem de apostar na possibilidade da cura e não
se fixar na patologia, rotulando a criança, mas respeitando sua individualidade
subjetiva. Precisamos de novos recursos, além dos cognitivos, para ajudar as
crianças a aprender. Estabelecer vínculos positivos e ajudar os alunos a
entender suas emoções e administrá-las pode ser o diferencial de excelência na
atuação do educador. Um bom vínculo afetivo é o contrário da dependência, pois
proporciona a segurança básica para o exercício da autonomia.
Sonia Parente, no
prefácio do livro Subjetividade e objetividade, de Sara Paín, adverte
categoricamente que
[...] o recado para nós, educadores e
profissionais da aprendizagem, é claro. É preciso ampliar a escuta. É preciso
dar lugar para aquilo que é diferente da norma.É preciso evitar uma educação
dominadora e uma psicopedagogia adaptativa, que depende da manutenção da
ignorância e que produz sujeitos passivos, submissos, que reproduzem a
oligotimia social ( diminuição da capacidade de adaptação biopsicossocial que
dificulta a aquisição de novas condutas por deficiências intrínsecas ou
extrínsecas).
O psicopedagogo deve
procurar desenvolver as habilidades de uma comunicação afetiva com o paciente.
Essa comunicação afetiva implica ouvir ativamente, ou seja, perceber não apenas
o que a criança ou jovem diz com palavras, mas o que Le diz sem palavras, com
seu silêncio ou com sua linguagem corporal. Além disso, essa comunicação
implica liberdade na expressão das emoções, ser capaz de expressar as necessidades
de forma não agressiva, e desenvolver a empatia e a capacidade para o
entusiasmo e a surpresa.
Autor: Fernando Monte
–Serrat Emoções afeto e amor.
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