O homem é um ser que busca a
possibilidade de desencadear a vida com toda plenitude, um ser que, com toda
ansiedade, quer viver. O homem vive a feliz angústia do querer viver, do querer
ser alguém junto a alguém. A grande meta do homem é ter uma vida feliz; para
isso, ele se empenha com todas as suas forças. A vida não lhe é dada como uma
dádiva, mas é uma conquista que exige esforço, trabalho, labuta e, até mesmo,
sofrimento.
Querer viver é o grande problema
e a suprema felicidade do homem. Mas o viver não é um simples estar aqui ou
ali. O homem é um ser que se projeta para o mundo e para a existência. É um ser
que vai além do “agora” delimita o ser pessoal no tempo e na angústia do
“agora”, do “aqui” e do “ali”. Ele busca o tempo que se revela em existência e
vida, em possibilidades que são esperanças de amor, fé e libertação,
possibilidades que destroem a angústia do “agora” para se tornarem manifestação
de vida.
A pessoa é o ser aberto para o
mundo e para a vida e seu anseio é sempre, e cada vez mais, viver, viver
plenamente.
O viver não é uma dádiva, mas uma
conquista sem limites é uma busca que se desencadeia no espaço e no tempo,
porque a vida é o essencial para o ser pessoal.
A pessoa cria à sua volta uma
relação de presença e encontro pessoal, estabelece uma relação de envolvimento,
de participação, de entendimento, de fé, de esperança e amor com o mundo e com
a vida.
O homem quer viver e para isso se
despoja de si mesmo em busca daquilo que, as vezes, lhe parece necessário. Mas
essa busca não é apenas obra do acaso, do instinto ou do destino, é também
consequência da total e plena consciência de ser existencial, do querer livre e
consciência, da responsabilidade.
Querer viver é a angústia e a
esperança libertadora da pessoa. Não uma angústia de morte, mas de esperança,
de fé e de amor pela vida. O desejo profundo e único do homem é vover sempre
melhor.
A pessoa se torna cada vez mais
pessoa à medida que toma consciência, da realidade. Sempre que a pessoa tenta
libertar-se e busca o universo pessoal, com autenticidade e liberdade, com
espírito aberto e crítico, ela se despoja de todas as banalidades que não a
deixam viver.
Diríamos que o único e exclusivo
objetivo neste mundo é buscar o viver. Para viver, o homem enfrenta tudo. Se
parássemos e contemplássemos o homem, onde quer que ele esteja, e nos
perguntássemos sobre o que ele deseja neste mundo, a resposta seria só: VIVER.
Viver uma vida feliz, pois o alvo da vida é encontrar a felicidade.
O ser humano quer vencer a dor,
superar as dificuldades que o impedem de se realizar. O homem busca, através
das ciências, respostas para os problemas existenciais. Realiza todos os
esforços para superar as dificuldades. Procura superar, inventar, criar,
descobrir, fazer, sempre em busca do que é essencial: A VIDA. O homem é um ser
que procura, com consciência e esforço, vencer os obstáculos que a vida lhe
impõe. O homem tem de fazer a sua vida, que é para ele, como diz o ORTEGA Y
GASSET, “a realidade radical”. Se cada homem tem de fazer o seu quefazer, deve
aprender a fazer a vida e vivê-la.
Será que a educação realmente
ajuda o homem a fazer o seu quefazer, a viver bem a vida? Será que a nossa
educação não afasta o homem da vida? Não será ainda a nossa educação “um
massacre dos inocentes que desconhece a personalidade da criança como tal,
impondo-lhe um resumo das perspectivas do adulto, as desigualdades sociais
forjadas pelos adultos, substituindo o discernimento dos caracteres e das
vocações pelo formalismo autoritário do saber”(MOUNIER)?
Parece que nossa educação destrói
personalidades, destruindo a alegria e a felicidade. Nosso ensino impede o
palpitar dos corações pela imposição de conhecimentos que não atingem a alma do
educando, mas simplesmente o cérebro e o intelecto.
De fundamental importância nos
parecem as palavras de J. Dewey, quando nos diz: “Nós fizemos de nossas escolas
lugares onde sopra quase sempre o vento das palavras, isto é, para alguém que
tem sede de vida, o vento gelado da morte. A vida! A vida! AH! Se nós queremos
a vida coloquem-nos na vida. Vejamos o homem como é e aspira a ser. Ouçamos
bater o seu coração, palpitar os desejos e coloquemo-lo num clima capaz de
alimentar e fazer crescer o seu organismo físico e moral. Aprender? Certamente,
mas antes de tudo VIVER e APRENDER PELA VIDA E NA VIDA”.
Aprender a viver, aprender a ser
é a grande questão que a educação deve se colocar e que as escolas e
professores necessitam questionar. A escola e os professores devem se perguntar
até que ponto estão educando para a vida. Até que ponto estão ajudando as
nossas crianças a aprenderem não só a enfrentar a vida, mas a viver a vida com
amor, alegria e felicidade. Parece-nos que o mundo está precisando mais de
amor, de paz do que do domínio da técnica, que, por vezes, embrutece o homem.
Na educação e no ensino, o
objetivo fundamental é o encontro da felicidade e não somente a aquisição de
conhecimentos: se eles não tornarem a pessoa feliz; a sua finalidade não será
outra senão a deformação. O ensino não pode se limitar à aquisição passiva e
artificial de conhecimentos que não servem de respostas às experiências
diárias. Todos os conhecimentos assimilados devem ser eminentemente educativos
e formadores de personalidades, respondendo às necessidades e urgência da
pessoa, fornecendo-lhe as melhores condições para o crescimento pessoal.
Separar o ato educativo do ato de ensinar seria fazer uma cisão muito profunda
na formação.Seria separar o intelecto das emoções e sentimentos.
Ilza Martins Sant’ Anna
Maximiliando Monegolla –
Didática: Aprender a ensinar.
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