quarta-feira, 6 de março de 2013

VIDA HUMANA.



O homem é um ser que busca a possibilidade de desencadear a vida com toda plenitude, um ser que, com toda ansiedade, quer viver. O homem vive a feliz angústia do querer viver, do querer ser alguém junto a alguém. A grande meta do homem é ter uma vida feliz; para isso, ele se empenha com todas as suas forças. A vida não lhe é dada como uma dádiva, mas é uma conquista que exige esforço, trabalho, labuta e, até mesmo, sofrimento.
Querer viver é o grande problema e a suprema felicidade do homem. Mas o viver não é um simples estar aqui ou ali. O homem é um ser que se projeta para o mundo e para a existência. É um ser que vai além do “agora” delimita o ser pessoal no tempo e na angústia do “agora”, do “aqui” e do “ali”. Ele busca o tempo que se revela em existência e vida, em possibilidades que são esperanças de amor, fé e libertação, possibilidades que destroem a angústia do “agora” para se tornarem manifestação de vida.
A pessoa é o ser aberto para o mundo e para a vida e seu anseio é sempre, e cada vez mais, viver, viver plenamente.
O viver não é uma dádiva, mas uma conquista sem limites é uma busca que se desencadeia no espaço e no tempo, porque a vida é o essencial para o ser pessoal.
A pessoa cria à sua volta uma relação de presença e encontro pessoal, estabelece uma relação de envolvimento, de participação, de entendimento, de fé, de esperança e amor com o mundo e com a vida.
O homem quer viver e para isso se despoja de si mesmo em busca daquilo que, as vezes, lhe parece necessário. Mas essa busca não é apenas obra do acaso, do instinto ou do destino, é também consequência da total e plena consciência de ser existencial, do querer livre e consciência, da responsabilidade.
Querer viver é a angústia e a esperança libertadora da pessoa. Não uma angústia de morte, mas de esperança, de fé e de amor pela vida. O desejo profundo e único do homem é vover sempre melhor.
A pessoa se torna cada vez mais pessoa à medida que toma consciência, da realidade. Sempre que a pessoa tenta libertar-se e busca o universo pessoal, com autenticidade e liberdade, com espírito aberto e crítico, ela se despoja de todas as banalidades que não a deixam viver.
Diríamos que o único e exclusivo objetivo neste mundo é buscar o viver. Para viver, o homem enfrenta tudo. Se parássemos e contemplássemos o homem, onde quer que ele esteja, e nos perguntássemos sobre o que ele deseja neste mundo, a resposta seria só: VIVER. Viver uma vida feliz, pois o alvo da vida é encontrar a felicidade.
O ser humano quer vencer a dor, superar as dificuldades que o impedem de se realizar. O homem busca, através das ciências, respostas para os problemas existenciais. Realiza todos os esforços para superar as dificuldades. Procura superar, inventar, criar, descobrir, fazer, sempre em busca do que é essencial: A VIDA. O homem é um ser que procura, com consciência e esforço, vencer os obstáculos que a vida lhe impõe. O homem tem de fazer a sua vida, que é para ele, como diz o ORTEGA Y GASSET, “a realidade radical”. Se cada homem tem de fazer o seu quefazer, deve aprender a fazer a vida e vivê-la.
Será que a educação realmente ajuda o homem a fazer o seu quefazer, a viver bem a vida? Será que a nossa educação não afasta o homem da vida? Não será ainda a nossa educação “um massacre dos inocentes que desconhece a personalidade da criança como tal, impondo-lhe um resumo das perspectivas do adulto, as desigualdades sociais forjadas pelos adultos, substituindo o discernimento dos caracteres e das vocações pelo formalismo autoritário do saber”(MOUNIER)?
Parece que nossa educação destrói personalidades, destruindo a alegria e a felicidade. Nosso ensino impede o palpitar dos corações pela imposição de conhecimentos que não atingem a alma do educando, mas simplesmente o cérebro e o intelecto.
De fundamental importância nos parecem as palavras de J. Dewey, quando nos diz: “Nós fizemos de nossas escolas lugares onde sopra quase sempre o vento das palavras, isto é, para alguém que tem sede de vida, o vento gelado da morte. A vida! A vida! AH! Se nós queremos a vida coloquem-nos na vida. Vejamos o homem como é e aspira a ser. Ouçamos bater o seu coração, palpitar os desejos e coloquemo-lo num clima capaz de alimentar e fazer crescer o seu organismo físico e moral. Aprender? Certamente, mas antes de tudo VIVER e APRENDER PELA VIDA E NA VIDA”.
Aprender a viver, aprender a ser é a grande questão que a educação deve se colocar e que as escolas e professores necessitam questionar. A escola e os professores devem se perguntar até que ponto estão educando para a vida. Até que ponto estão ajudando as nossas crianças a aprenderem não só a enfrentar a vida, mas a viver a vida com amor, alegria e felicidade. Parece-nos que o mundo está precisando mais de amor, de paz do que do domínio da técnica, que, por vezes, embrutece o homem.
Na educação e no ensino, o objetivo fundamental é o encontro da felicidade e não somente a aquisição de conhecimentos: se eles não tornarem a pessoa feliz; a sua finalidade não será outra senão a deformação. O ensino não pode se limitar à aquisição passiva e artificial de conhecimentos que não servem de respostas às experiências diárias. Todos os conhecimentos assimilados devem ser eminentemente educativos e formadores de personalidades, respondendo às necessidades e urgência da pessoa, fornecendo-lhe as melhores condições para o crescimento pessoal. Separar o ato educativo do ato de ensinar seria fazer uma cisão muito profunda na formação.Seria separar o intelecto das emoções e sentimentos.


Ilza Martins Sant’ Anna
Maximiliando Monegolla – Didática: Aprender a ensinar.

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